Desde o início de julho que as Comédias do Minho estão em itinerância por campos de jogos, jardins, parques (e até um coreto), com a sua nova produção – FIM DE TARDE. O público do Vale do Minho tem preenchido a lotação permitida e tem mostrado satisfação pelo regresso da companhia ao terreno, depois de ano e meio de jejum de palco. Sobretudo nas freguesias mais isoladas, o regresso do teatro atenua o desânimo causado por mais um ano sem festas de verão.
Até ao dia 1 de agosto, a companhia de teatro minhota vai percorrer os municípios de Valença e Monção, com atuações nos centros de cidade/vila e em seis aldeias. É a última oportunidade para ver FIM DE TARDE, um espetáculo encenado por Leonor Barata, cocriado pelos atores da companhia, e com uma forte componente musical, assegurada pela atuação ao vivo de Sara Yasmine e Afonso Passos. A cenografia e figurinos ficaram a cargo de Cristóvão Neto, que criou um ambiente distópico em palco. Em cena, três atores usam o humor para questionar a forma como contamos histórias e, com elas, nos construímos.
Em FIM DE TARDE, Leonor Barata parte da premissa de que “antes dos gregos não havia nada” para, de uma forma lúdica, explorar questões sobre a repetição das narrativas ao longo dos séculos. Será que há uma ‘grande narrativa’ que se reproduz em todas as pequenas narrativas ao longo do tempo? A pergunta traz consigo as possibilidades do “E se?”. Tecem-se novos ângulos e desfechos para histórias que todos conhecemos e para as suas múltiplas personagens. Será que construímos a nossa narrativa ou é a ‘grande narrativa’ que nos constrói? Que sentido damos ao que vivemos através da forma como ‘nos’ contamos? O espetáculo é um convite para ver teatro ao ar livre, em segurança, nas paisagens do Vale do Minho. Ano e meio depois do início da pandemia de COVID-19, importa questionar de que forma a circularidade dos discursos influencia o olhar de cada um sobre si e sobre a sociedade.