sábado. 23.11.2024

O Aero Clube de Bragança (ACB) aproveitou o Jantar de Reis, que realiza anualmente com os sócios, para proceder à entrega da quantia de 5100€, à Delegação de Bragança da Cruz Vermelha Portuguesa, valor angariado através da realização de batismos de voo e voos solidários. O ACB disponibiliza as aeronaves e o pessoal de apoio, os pilotos associados fazem os voos gratuitamente e, assim, é possível angariar verbas para apoiar causas sociais de grande impacto social no território.

A Cruz Vermelha decidiu utilizar o apoio no programa Censos Sénior, que consiste na identificação e no apoio continuado, a diversos níveis, da população idosa mais vulnerável e em situação e isolamento. A próxima entidade a apoiar é a Fundação Casa de Trabalho, de Bragança, que vai criar uma creche social, para receber 42 crianças, a partir dos 4 meses, e que tem como preocupação central apoiar as famílias monoparentais em situação vulnerável, bem como a comunidade migrante.

Há vários anos que o Aero Clube de Bragança decidiu realizar batismos de voo à população em geral e a receita dessa iniciativa é entregue a uma causa de cariz social. Já foram apoiadas diversas instituições, nomeadamente, a Obra Kolping, a União das Instituições Particulares de Solidariedade Social, os Bombeiros Voluntários de Bragança, as Vítimas de Violência Doméstica, através da ASMAB, e a Delegação de Bragança da Cruz Vermelha Portuguesa. “Já entregamos mais de 70 mil euros em apoios, conseguidos através da realização de batismos de voo”, explica Nuno Fernandes, presidente do ACB.

Para além desta forte componente de solidariedade a iniciativa tem também grande importância social, por democratizar o acesso da comunidade à aeronáutica e lhes permitir voar a um custo simbólico e, ainda, enorme importância económica, uma vez que representa um motivo de atração à cidade, com uma oferta turística qualificada, que aumenta a competitividade territorial.

“Este ano, para além dos voos com marcação, vamos regressar aos domingos ao aeródromo, passar por lá o dia e dar a oportunidade às pessoas de irem voar”, acrescenta o presidente.

Esta iniciativa tem um grande impacto na comunidade, mas não é o único. O Careto AirShow, o maior evento do ACB, tem um impacto que já não pode ser ignorado.

“O retorno para o ACB não é quantificável em números e muito menos em euros. Para o ACB o retorno é perceber que conseguimos mobilizar mais de 100 voluntários para organizar este evento e que juntos fazemos aqui algo espetacular”, explica.

No fim-de-semana em que acontece o Careto Airshow esgotam as camas nos hotéis na cidade e nos arredores, enchem os restaurantes, há mais movimento nos cafés e nos bares, no comércio em geral. O retorno percebe-se ainda na alegria de pessoas, de todas as idades, que ficam deliciadas por ver os aviões, na alegria daqueles que voam pela primeira vez, no movimento e na alegria da cidade.

“O Careto AirShow gera um impacto económico na ordem dos 700 mil euros na cidade e um impacto promocional da região superior a meio milhão de euros. Isto somado representa um retorno do investimento no território na ordem de 1,5 milhões de euros”, acrescenta Nuno Fernandes.

O efeito multiplicador é superior e 20. “O Careto custa ao ACB cerca de 60 mil euros, graças aos voluntários todos que temos, no dia do evento, mas há várias equipas que começam a trabalhar com meses de antecedência, que oferecem gratuitamente o seu conhecimento e os seus conhecimentos, que ajudam a garantir um espetáculo a cada ano melhor e um baixo custo, por isso conseguimos trabalhar com este orçamento”, esclarece.

Nuno Fernandes adianta que o ACB já não pode continuar a fazer o evento sem maiores apoios e solicita um reforço financeiro à Câmara Municipal de Bragança, que no último ano atribuiu 14 mil euros ao ACB. “Precisamos que revejam essa ajuda, só conseguimos avançar com o Careto se tivermos garantidos 30 mil euros, o resto nós conseguimos com patrocínios e com trabalho, sabemos que a autarquia tem sensibilidade e reconhece o mérito e a importância deste evento e estamos confiantes que vai reforçar a parceria”, afirma.

Fernanda Silva, vereadora na autarquia, ouviu o apelo de Nuno Fernandes e assumiu que o assunto vai merecer “uma reflexão”, reconhecendo a importância de todo o trabalho desenvolvido pelo ACB.

Esta necessidade de apoio surge do facto do ACB querer avançar com um projeto de construção de uma sede social, o que exige investimento. “A ideia é recorrer aos apoios comunitários, se conseguirmos, mas há sempre uma percentagem significativa de recursos financeiros próprios que queremos assegurar”, explica.

O ACB pode desenvolver iniciativas de cariz económico para apoiar causas sociais, mas não o pode fazer em proveito próprio. Por ser uma coletividade recreativa, sem fins lucrativos, não pode cobrar pelos voos, a menos que a verba seja doada na totalidade a alguma organização de cariz social. E é isso que tem feito, sem medir esforços, com total empenho em apoiar a comunidade e as suas organizações de cariz social e solidário.  

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