Artista plástico inspirou-se na Coca, dragão lendário de Monção, para transmitir uma mensagem de sustentabilidade e consciencialização ambiental. Criação artística está patente no espaço exterior do novo Museu Monção & Memórias.
Uma escultura feita de lixo com oito metros de altura e quatro de largura, da autoria do artista plástico Bordalo II e inspirada na Coca, dragão imaginário de Monção, foi inaugurada no passado sábado, 24 de abril, coincidindo com a abertura do novo Museu Monção & Memórias.
Com forte impacto visual e uma acentuada componente ecológica, a obra "colorida" é feita de "plástico de alta densidade, partes de ecopontos, partes de para-choques de carros", entre outro tipo de "lixo, desperdícios, e resíduos que causam contaminação e poluição".
Em declarações à imprensa, Bordalo II disse: "Agarrei numa personagem que não existe para alertar para uma realidade que existe. A necessidade de preservação da natureza. A minha ideia foi alterar o conceito original da história da Coca, que é um bicho mau, levando-nos a questionar a ação do homem no presente. Se calhar, agora é o bicho homem que assume o papel, outrora, atribuído à Coca”
Artur Bordalo nasceu em Lisboa em 1987. O nome artístico, Bordalo II, nasce de uma homenagem ao seu avô, o pintor e artista plástico Real Bordalo. Com trabalhos em várias cidades do mundo, Bordalo II usa objetos abandonados, desperdícios e refugos procedentes de obras, ruinas de edifícios, carros e fabricas, para criar verdadeiras obras de arte.
Além da beleza estética e abordagem contemporânea das suas criações, a utilização artística destes materiais revela-nos uma espécie de critica ao mundo em que vivemos, um mundo em que objetos, outrora valiosos, perdem, rapidamente, o valor ou importância.
Bordalo II confronta a sociedade com o seu próprio consumismo, criando, a partir de algo que foi deitado fora, peças que nos fazem pensar ou, como diz o artista, “pôr a mão na consciência”. Pretende denunciar “uma sociedade extremamente materialista” e promover “uma sustentabilidade ecológica e social”.