Portugal tem dois novos projetos de hidrogénio verde classificados como Projeto de Interesse Comum no plano europeu. Este selo comprova a relevância estratégica destas infraestruturas para os objetivos e metas da União Europeia, possibilitando candidaturas a financiamento europeu, que poderá apoiar até 75% dos custos elegíveis.
Esta quinta-feira, o primeiro-ministro, António Costa, qualificou a atribuição deste selo pela Comissão Europeia como uma "excelente notícia". "Abrem-se, assim, as portas para o financiamento europeu para o transporte de hidrogénio verde que ligará Portugal e Espanha à Europa central", escreveu o líder do Executivo na rede social X (antigo Twitter).
Os dois projetos que receberam o selo de "Interesse Comum"
Um dos projetos que recebeu o selo europeu é o 'H2Med/CelZa', submetido pela REN-Gasodutos, que representa um investimento de 204 milhões e terá cerca de 242 km de condutas, dos quais 162 km em Portugal.
Este projeto - que se traduzirá num dos principais corredores de hidrogénio verde através do Mediterrâneo - corresponde ao anúncio feito a 20 de outubro de 2022, em Bruxelas, pelo Presidente de França, Emmanuel Macron, pelo Presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, e pelo Primeiro-Ministro de Portugal, António Costa. Os três líderes concordaram na criação de uma interligação de hidrogénio entre Portugal e Espanha, ligando Celorico da Beira (Portugal) a Zamora (Espanha), e no desenvolvimento de uma conduta marítima que ligue Barcelona (Espanha) a Marselha (França), como a opção mais direta e eficiente para ligar Portugal e Espanha à Europa Central.
A 9 de dezembro de 2022, em Alicante, os mesmos líderes confirmaram o lançamento do corredor, que contou com o apoio da Presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.
Até 2030, a capacidade de transporte estimada do H2Med é de dois milhões de toneladas de hidrogénio por ano, representando 10% do consumo de hidrogénio da Europa. Entre Portugal e Espanha, a capacidade de transporte esperada é de 750 mil toneladas de hidrogénio por ano.
O segundo projeto agora com selo europeu é o ‘Portuguese Hydrogen Backbone’, também submetido pela REN-Gasodutos, que consiste na construção e adaptação da rede de gás em Portugal e representa um investimento de cerca de 210 milhões de euros.
Este projeto cria importantes condições para a produção e integração de hidrogénio verde, tanto na região centro do interior de Portugal como na região da Figueira da Foz, possibilitando a criação de novas cadeias de valor em Portugal e a ligação ao Corredor de Energia Verde europeu. E representa a primeira fase na criação de uma infraestrutura nacional de H2 mais ampla.
O projeto inclui a nova infraestrutura de transporte de hidrogénio Figueira da Foz–Cantanhede com cerca de 50 km, e três gasodutos de hidrogénio adaptados: Cantanhede-Mangualde (68 km de tronco principal mais 8 km de linha secundária); Mangualde-Celorico da Beira (48 km de tronco principal); e Celorico da Beira-Monforte (213 km de tronco principal mais 4 km de linha secundária).
O hidrogénio renovável assume um papel crucial na estratégia energética e climática de Portugal, desempenhando uma função determinante na reindustrialização do país, na criação de emprego e na concretização das metas nacionais e europeias de descarbonização.
Foram ainda classificados como Projeto de interesse Comum as interligações elétricas entre Portugal e Espanha (3.ª interligação do Minho) e entre Espanha e França (Golfo da Biscaia), infraestruturas críticas para reforçar a integração dos sistemas elétricos da Península Ibérica e do centro da Europa.