Dois anos volvidos da entrega duma imagem do Beato Francisco Pacheco para a Igreja de S. António dos Portugueses em Roma, e tentame da sua canonização, o grupo promotor regressou á capital italiana no cumprimento da sua agenda religiosa, gastronómica e turística.
Deste modo, essa meia dúzia de amigos que desde há anos divulgam Ponte de Lima na Europa – Clube de Gastronomia de Ponte de Lima – cumpriram mais um fim de semana do seu propósito de divulgação do chamado santo mártir da sua terra, depois da entrega da escultura de marfinite para a NATO em Bruxelas, após bênção na Matriz de Ponte de Lima, pelo Padre Rafael Oliveira, adjunto do Pároco, Mons. José Caldas.
O programa em Roma começou com a deslocação ao Vaticano, em visita á Basílica de S. Pedro, designadamente as capelas Mór, do Santíssimo, da Pietá de Miguel Ângelo, Nª Sª do Socorro, alares de S. José, de S. Tomé, baldaquino ou altar do Papa, túmulos dos Pontífices, sacristia e outras divisões das três áreas abobadas da maior igreja do mundo. Seguidamente, a delegação limiana, constituída por Adelino Tito Morais, Fernando Fernandes, Alberto Silva, Joaquim Loureiro. António Sousa e Armando Melo, foi acolhida na Igreja de S. António dos Portugueses, fundada cerca de 1440, reformada e reconstruída nos séculos XVII e XVIII. A representação de Ponte de Lima foi recebida com um concerto de órgão sinfónico “único no mundo” com 2500 tubos, promovido pela embaixada de Portugal junto da Santa Sé e reitor do Instituto Português S. António, Mons. Agostinho Borges. Foi executante Eugenio Fagiani, um dos mais renomados na arte, em Itália e com vários concertos pela Europa, Médio Oriente, Ásia, Rússia e Américas, também organista titular da catedral de Arezzo e Director Artístico do Festival Internacional de Órgão e do de S. Donato de Arezzo. O programa de uma hora, contemplou interpretações de Johann Bach, Gustave Mahler, Franz Liszt e de sua autoria, o Victimae Paschali Laudes, composto em 1972.
Um jantar-convívio encerraria o primeiro dia do programa oficial dos promotores da intensificação ao culto do Beato Francisco Pacheco. O menú cumpriu-se num restaurante especializado em cozinha da Sardenha, sugestão de companheiros gastrónomos italianos: Lorenzo, o líder, adido diplomático e tradutor em três línguas, acompanhado de dois outros amigos: um funcionário no Banco Central Europeu em Frankfurt, e o outro, tradutor de clássicos espanhóis para italiano.
Umas entradas de charcutaria tradicional, especialmente o presunto de Parma, seguido do troféu da cozinha sardenha: maiale, carne del giorno, isto é, um leitão assado que acompanha com batata banhada em óregãos, mas que em Portugal é mais completo: em Itália não usam molho, é um pouco seco! Para beber, um tinto selecionado pelo Lorenzo, da região de Abruzzo, e sobremesa, as seadas: o doce típico dos sardos, em forma de grande rissol, com borda recortada, confecionado á base de farinha com queijo de ovelha da sardenha ralado, mel de medronheiro, raspa de limão, banha, frito em óleo e servido com polvilhamento de açúcar ou sal!
MISSA SOLENE COM INDIVIDUALIDADES
E, eis que chegou o Domingo, dia especial de solenidade. Pelas 10,30 h realizou-se a missa em S. António dos Portugueses, presidida por Mons. Agostinho Borges, (antigo Prelado de Honra do Papa João Paulo II e comendador da Ordem do Infante D. Henrique) e Adido Eclesiástico de Portugal junto do Vaticano. A eucaristia foi concelebrada por Mons. Fernando Matos, conselheiro eclesiástico da nossa embaixada; Mons. António Saldanha, oficial do Dicastério da Congregação da Causa dos Santos, capelão da Ordem de Malta e Cavaleiro da Ordem de Santo Sepulcro de Jerusalém e Miguel Cabedo e Vasconcelos, capelão da Universidade Católica Portuguesa em Lisboa, de momento em Roma. Participaram juntamente com a delegação limiana, entre outros, o embaixador de Portugal na Santa Sé, Domingos Fezas Vital e embaixatriz; o mestrando em História da Igreja na Pontifícia Universidade, Tomás Pinto Bravo, de Tavira e André Moutinho Almeida, flaviense, doutorando na Sorbonne, Paris, bolseiro em Itália para pesquisas no arquivo do Vaticano sobre cardeais portugueses na Idade Média, colaboradores no programa oficial. A cerimónia foi acompanhada no órgão, pelo seu titular, Giampaolo Di Rosa, um prestigiado nome na arte por toda a Europa.
No final, o encontro com o nosso diplomata junto do Papa, para entrega da estatueta do Beato e troca de informações sobre a acção do missionário jesuíta no Oriente, que a 20 de Junho de 1626, na cidade de Nangasaky, com outros oito companheiros, atados em estacas foram queimados vivos em fogueiras, e suas cinzas lançadas ao mar, como realçou Mons. Agostinho Borges.