O Carnaval de Carrazeda de Ansiães voltou a destacar-se pela sua tradição peculiar, onde a sátira social e a crítica política se unem numa celebração única. A festa, que decorreu no dia 4 de março, atraiu a comunidade local e muitos visitantes, todos ansiosos por participar nesta manifestação de descontentamento e humor.
A tarde começou com um cortejo carnavalesco vibrante, composto por 29 tratores transformados em carros alegóricos, acompanhados pelos Zíngaros de Carrazeda de Ansiães e outras associações locais. Gigantones, cabeçudos e músicos animaram o desfile, enquanto os carros alegóricos, representando aldeias e associações, ironizavam sobre a atualidade política, económica e social.
No entanto, o ponto alto das festividades ocorreu ao início da noite, com o julgamento do Pai da Fartura, a figura alegórica que representa os excessos, as mentiras e os enganos. Junto ao Pelourinho da vila, o Pai da Fartura tentou, em vão, manipular a audiência e obter a misericórdia dos juízes.
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A sentença, implacável e satírica, foi proferida pelos Zíngaros de Carrazeda de Ansiães, expondo as políticas e a falta delas que afetam diretamente a vida dos cidadãos. Versos satíricos foram lidos em voz alta, provocando risos e aplausos na multidão.
O destino do Pai da Fartura já estava traçado: a pena de morte. Num espetáculo pirotécnico, a figura alegórica, envolta em explosivos, "rebentou", desfazendo-se em cinzas, simbolizando a expurgação dos males da sociedade.
O cortejo fúnebre, acompanhado pelas "viúvas" do Pai da Fartura, pelos sons dos tambores e pelas sirenes dos bombeiros, marcou o fim do momento alto das festividades. Os festejos seguintes foram mais comedidos, encerrando um Carnaval de crítica social e humor.
O Carnaval de Carrazeda de Ansiães, promovido pela Câmara Municipal em parceria com os Zíngaros de Carrazeda de Ansiães, demonstra a força da tradição e a capacidade da comunidade de expressar o seu descontentamento de forma criativa e satírica.