Entre esta quinta-feira e domingo, a companhia de teatro itinerante Comédias do Minho traz o espetáculo de teatro ‘Felizmente Sãozinha’ a quatro freguesias do concelho cerveirense - Sopo, Vila Nova de Cerveira, Gondarém e Mentrestido. A comédia, criada por Manuel Tur a partir de textos de Bernardo Fortuna, convida o público (maior de 12 anos) a voltar ao tempo da telefonia. A entrada é livre.
‘Felizmente Sãozinha’ transporta-nos para um dia de emissão nos tempos idos da rádio em Portugal, onde quatro radialistas condignos preparam, gravam e transmitem os muitos programas que fazem a rotina desta estação. Mas a grande missão das personagens é gravar o último episódio da radionovela que salvou a estação da falência nos últimos 6 anos. “Felizmente Sãozinha” é o grande sucesso da emissora e o fim da radionovela traz algumas incertezas à tona. Revelam-se dramas, intrigas, segredos e aspirações românticas – dentro e fora da cabine de gravação.
Pelo meio, um sem-termo de rubricas de uma rádio de outro tempo, que nos levam da necrologia à previsão astrológica, passando por um espaço de resolução de quezílias e, claro está, ao tão aguardado episódio final. Ao preparar, gravar e transmitir os muitos programas que fazem a rotina desta estação, as personagens embrenham-se num microcosmos de hierarquias, ambiguidades e pequenos atritos.
Manuel Tur e Gil Fesch (Apoio à Dramaturgia) esclarecem as intenções que os levaram a criar este espetáculo: “Felizmente Sãozinha é um objeto teatral que recupera, pela via da comédia, o universo simbólico da radionovela e parte da intenção de dar a ouvir. Simples e ludicamente. Apoiado num longo processo de investigação documental, tem, assim, por referência essa particular tradição elocutória que associamos ao teatro radiofónico: a importância atribuída à palavra, o respeito pelo idioma e uma extrema exigência quanto à articulação — o culto da voz. Traz ainda para cena a mecânica radiofónica, com todos os seus artifícios, recursos e métodos, entregando-se, desse modo, a uma íntima reflexão acerca do processo de comunicação, num misto de encontros e descoincidências, acasos, simulacros, duplicações.”
A cenografia de Filipe Tootill, os figurinos de Filipa Carolina e a sonoplastia de Joel Azevedo tornam este regresso aos anos cinquenta numa experiência estética completa. Entre o cómico e o saudosista, Felizmente Sãozinha transporta-nos para um espaço afetivo perdido no tempo, mas jamais esquecido.
Assim, esta quinta-feira, 23 de novembro, o espetáculo é apresentado na Antiga Escola Primária de Sopo (21h00), na sexta-feira, dia 24, no Cineteatro de Cerveira – marreca Gonçalves (21h30); no sábado, 25 de novembro, na Junta de Freguesia de Gondarém (21h00); e no domingo, dia 26, na Junta de Freguesia de Mentrestido (16h00).