Portugal e Islândia têm valores e interesses comuns
Portugal e a Islândia têm valores comuns ao nível geoestratégico, mas também em relação aos desafios do futuro como o combate às alterações climáticas e a proteção dos oceanos, afirmaram os dois Chefes de Governo, António Costa e Katrin Jakobsdottir, numa declaração em Reiquiavique, após uma reunião de trabalho, no início da visita oficial do Primeiro-Ministro português.
António Costa referiu que é o primeiro Chefe de Governo português a fazer uma visita oficial à Islândia, sendo esta «uma oportunidade importante para aprofundar as relações bilaterais», nomeadamente na área das energias, que é um tema central da visita.
«Temos oportunidades para desenvolver as nossas relações ao nível das energias renováveis. Pela nossa parte, esperamos aprender com a experiência da Islândia no setor geotérmico, designadamente no que respeita à captura de carbono para fins industriais», disse, acrescentando que os dois países podem «também avançar no cluster dos oceanos».
MAIOR COLABORAÇÃO
A Primeira-Ministra islandesa referira, na sua declaração, «uma série de domínios em que Portugal e Islândia podem colaborar de forma mais profunda, como nos assuntos dos oceanos e nas questões de energia», nomeadamente na energia eólica, área em que as empresas nacionais estão interessadas em entrar no mercado islandês.
«Portugal e a Islândia partilham valores comuns e pontos de vista comuns em relação aos principais desafios e mudanças no mundo, especialmente as alterações climáticas e a proteção dos oceanos», disse o Primeiro-Ministro português.
A Chefe do Governo islandês disse ainda que «os desafios do combate às alterações climáticas e a proteção dos oceanos impõem um aprofundamento das nossas relações», acrescentando que estas relações «sempre foram muito boas», e referindo que uma parte significativa do bacalhau consumido em Portugal é comprado à Islândia.
Katrin Jakobsdotti referiu-se ainda à cimeira do Conselho da Europa, a 16 e 17 de maio, em Reiquiavique, na qual participa também António Costa, afirmando que «será uma cimeira histórica. Estamos a viver tempos conturbados na Europa, especialmente no leste. Estamos ao lado da Ucrânia e vamos condenar a brutal agressão russa».
ENERGÍAS RENOVÁVEIS
O maior potencial de cooperação entre Portugal e Islândia regista-se na área das energias renováveis, na qual os dois países estão a investir fortemente, representando oportunidades para as empresas portuguesas fornecedoras de equipamentos para centrais de energia renovável desde turbinas, transformadores e geradores até soluções solares de pequena escala, para produção de energia fora da rede.
O Primeiro-Ministro, acompanhado pelo Secretária de Estado da Energia, Ana Fontoura Gouveia, visitou a Central de Energia Geotérmica em Selfoss, a maior da Islândia e uma das maiores do mundo, com 303 megawatts de capacidade instalada, e com a qual Portugal pode aprender para potenciar os seus recursos naturais.
Aqui, foram assinados dois memorandos de entendimento entre a Agência Portuguesa de Energia e a Autoridade Nacional para a Energia da Islândia: Um, que estabelece um quadro de cooperação para partilha de conhecimentos, colaboração técnica e desenvolvimento de projetos conjunto; outro, de cooperação nos campos da eficiência energética – em que Portugal tem experiência que pode partilhar, como a dos consumidores-produtores – e energia geotermal.
Seguidamente, António Costa deslocou-se à Carbfix, uma unidade industrial de captura e mineralização de dióxido de carbono. Portugal tem também alguns projetos nesta área, através da floresta e do mercado voluntário de carbono, mas não tem ainda projetos no domínio da captura industrial.
O Primeiro-Ministro foi ainda recebido pelo presidente da Câmara Presidente de Reiquiavique, Dagur Eggertsson, e visitou o cluster dos oceanos na capital islandesa.
A visita terminou com um encontro com a comunidade portuguesa.