Países ibero-americanos devem constituir aliança para a transição energética
Os países do espaço ibero-americano devem constituir uma aliança para a transição energética, no seu discurso na 28.ª Cimeira Ibero-Americana, em São Domingos, República Dominicana, na qual esteve também presente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Gomes Cravinho.
«Nós devemos ser uma grande aliança para a transição energética, porque temos todas as condições para isso. Desde logo, recursos», disse, referindo que «as maiores reservas do mundo de lítio estão aqui na América Latina» e «as maiores reservas de lítio na Europa estão em Espanha e em Portugal».
Por outro lado, Espanha e Portugal acordaram com França a construção de um gasoduto para o transporte de hidrogénio, «o que significa que esse hidrogénio verde que pode ser aqui produzido, pode ser transportado por barco, pode ser depois distribuído para toda a Europa», disse ainda.
António Costa apontou ainda o cabo digital de alta qualidade entre a América Latina e a Europa, que é «uma gigantesca oportunidade para desenvolvermos em conjunto toda a economia com base nos dados, com base na inteligência artificial. E essa infraestrutura deve ser posta ao serviço do desenvolvimento de todos nós».
A comunidade ibero-americana também pode fazer a diferença na proteção dos oceanos e no aproveitamento dos seus recursos, e deve «reforçar a cooperação no domínio da educação, no domínio da investigação científica, no domínio da inovação tecnológica».
Acordos comerciais
O Primeiro-Ministro disse ainda ter «uma enorme expetativa» de que os «acordos comerciais da União Europeia que há muito tempo se arrastam, com o Chile, o México e em particular o Mercosul», possam avançar na presidência espanhola do Conselho da União Europeia no segundo semestre deste ano.
«O custo de não fazermos é muito superior ao custo de fazermos, e por isso faço aqui um apelo a todos para que nos empenhos para que a presidência espanhola seja coroada de sucesso nesta dimensão», disse.
Cooperação com CPLP
António Costa anunciou que «Portugal tomou a iniciativa de constituir um fundo, para a cooperação entre a cimeira ibero-americana e a CPLP, que arrancamos desde já com um milhão de euros, de forma a estreitar a cooperação entre estas duas organizações».
Saudando «a adesão, como observador, da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa à comunidade ibero-americana», afirmou que este «é um passo muito importante» tanto mais que «a comunidade ibero-americana já era observador no espaço da CPLP».
«Temos de aproveitar as sinergias que este mundo ibero-americano pode estabelecer», sublinhou.
Multilateralismo
O Primeiro-Ministro apelou ao reforço das instituições multilaterais, afirmando que «é muito importante apoiar o trabalho do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, na campanha que lançou para a reforça do sistema financeiro internacional».
Também «é fundamental dar força à Organização Internacional para as Migrações» e, ao seu diretor-geral, António Vitorino (presente nesta cimeira), que Portugal quer fazer reeleger no cargo.
Comunidade Ibero-Americana
Os 22 países do espaço ibero-americano são Portugal, Espanha, Andorra, na Europa, e Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai, Peru, Uruguai, Venezuela, México, Costa Rica, El Salvador, Guatemala, Honduras, Nicarágua, Panamá, Cuba e República Dominicana, nas Américas.
Na cimeira de Santo Domingo, que teve como lema «Juntos por uma Ibero-América justa e sustentável», estiveram representados ao mais nível de Chefes de Estado 13 países: Portugal, Espanha, Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, Cuba, Honduras, Paraguai e Uruguai, além do país anfitrião, República Dominicana, e do Equador, que acolherá a próxima cimeira. Estiveram ainda os chefes dos governos português e espanhol.
O alto representante da União Europeia para a política externa, Josep Borrell, também participou na cimeira. Uma cimeira entre a União Europeia e a Comunidade de Estados Latino-americanos e Antilhenhos está marcada para julho em Bruxelas, durante a presidência espanhola do Conselho da União Europeia.