O Governo vai acompanhar o esforço de investimento tecnológico da União Europeia, face à complexidade das ameaças externas, e a aposta na modernização das Forças Armadas terá impacto na competitividade da economia portuguesa.
Estas afirmações foram feitas pelos ministros dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, e da Defesa, Helena Carreiras, na abertura do debate parlamentar sobre a participação de Portugal na cooperação estruturada permanente, na Assembleia da República.
Numa intervenção dedicada à atual conjuntura da NATO e da União Europeia face à intervenção militar russa na Ucrânia, João Gomes Cravinho disse que «os tempos transformativos do presente» exigem dos Estados-membros europeus «uma nova postura estratégica».
«Neste contexto em que vivemos é essencial que a União Europeia invista mais e melhor em capacidades e tecnologias inovadores, colmatando lacunas estratégicas e reduzindo dependências tecnológicas e industriais», salientou.
O Ministro referiu também que «as ameaças» são cada vez mais «complexas e diversas, com o terrorismo, ciberameaças, desinformação e alterações, sem esquecer as ameaças tradicionais como aquela que a Rússia representa hoje».
«Portugal tem estado e continuará a estar disponível para contribuir para o reforço da autonomia estratégica europeia e reitera o compromisso nacional na cooperação estruturada permanente em matéria de defesa», acrescentou.
RETORNO DO INVESTIMENTO
A Ministra da Defesa Nacional, por sua vez, destacou a ideia de retorno para a economia portuguesa com o investimento na modernização das Forças Armadas portuguesas. Um investimento que, conforme refere, serve para «garantir forças modernas, prontas e capazes que assegurem a soberania e segurança das populações, assim como para gerar valor para a economia portuguesa».
Em termos de cooperação no plano militar, Helena Carreiras assinalou que Portugal já enviou para apoiar o esforço de guerra da Ucrânia cerca de «712 toneladas de material militar, incluindo os três carros de combate Leopard 2A6».
«Estes encontram-se já na Alemanha e, até ao fim do março, chegarão à Ucrânia. Estamos também empenhados na missão de assistência militar da União Europeia à Ucrânia, na qual participamos através da formação de soldados ucranianos», referiu.
OUTRAS AMEAÇAS
A Ministra alertou também para outras ameaças à segurança, para além da que resulta da intervenção militar russa na Ucrânia, pedindo então atenção ao continente africano:
«Devemos prestar particular atenção às ameaças a sul, sobretudo em África, e que afetam também o que se passa a Leste devido à guerra na Europa. Neste ambiente geoestratégico complexo e imprevisível, a necessidade de a União Europeia desenvolver capacidades de defesa assume renovada importância. É neste contexto que a aquisição e o desenvolvimento de capacidades têm ganho proeminência, e Portugal tem sido parte ativa destes processos», sustentou.
Neste ponto, Helena Carreiras destacou o facto de Portugal participar em mais de 60 projetos de programas de cooperação estruturada permanente (PESCO) ou do Fundo Europeu de Defesa.
«De resto, dos 60 projetos PESCO em curso, Portugal está presente em mais de metade. Estes projetos concorrem para a edificação de capacidades militares nacionais e europeias e para o desenvolvimento de uma base tecnológica e industrial nacional mais robusta e competitiva, com melhor capacidade de resposta às necessidades securitárias que enfrentamos», disse.
Por outro lado, de acordo com Helena Carreiras, ainda ao nível da política externa de Defesa, Portugal procura garantir complementaridade e interoperabilidade com a NATO.
«A terceira Declaração Conjunta União Europa/NATO assinada recentemente aponta justamente nesta direção», completou.