Bike Solidária, projeto cultural da Escola Miguel Torga, que leva alunos a 'adotar' idosos
A iniciativa está integrada no Plano Nacional das Artes - Projeto Cultural de Escola Arte(S) de Crescer – e leva alunos do 5º e 6º ano do Agrupamento de Escolas Miguel Torga a interagir com os idosos da Fundação Betânia, em Bragança.
Depois do enorme sucesso do projeto do ano transato, “Ao Património de Bike”, que levou todos os estudantes do Agrupamento de Escolas (AE) Miguel Torga a explorar e aprender com a arte de rua na cidade de Bragança, este ano os promotores decidiram manter a temática da bicicleta, promovendo a sustentabilidade ambiental ao incentivar os alunos a fazer as suas deslocações de bicicleta, e, em simultâneo promover a solidariedade e a interação intergeracional.
Com a parceria da Fundação Betânia, os alunos do 5º e 6º daquele agrupamento, visitam aquela instituição deslocando-se de bicicleta, onde são recebidos pelos mais velhos tendo a oportunidade de participar em atividades diferentes.
“O objetivo é proporcionar aos estudantes a possibilidade de conhecer o património cultural imaterial valorizando os saberes, os ofícios e a experiência de vida dos mais velhos”, explica um dos promotores, o professor José Domingues, acrescentando que ao mesmo tempo, a presença dos jovens naquela instituição é uma forma de promover “o envelhecimento ativo e o contacto intergeracional”.
Os ganhos são óbvios para as duas partes.
À chegada os alunos que se deslocam de bicicleta, são acolhidos com um chá, para recuperarem do percurso. Depois participam no bingo de apadrinhamento. “Através deste jogo e de acordo com os números que saírem cada aluno fica destinado a um dos nossos idosos”, explica a diretora da Fundação Betânia, Paula Pimentel. A esta iniciativa chamam “apadrinhar um avô” e a ideia é promover maior interação entre o estudante com o idoso, para que o processo de aprendizagem possa ser mais efetivo.
Uma das temáticas é o tricot e o croché. O grupo de utentes ensina as crianças a fazer tricot/crochet, exemplificando para as próprias crianças perceberem melhor os pontos básicos. “Nesta atividade os utentes explicam todo o processo da lã, deste a tosquia das ovelhas até ao tratamento da lã”, acrescenta aquela responsável, referindo que algumas utentes até mostram aos alunos como se fia a lã.
Depois há outra iniciativa /oficina com a designação de Contadores de Tradições. Nesta temática os utentes da Fundação Betânia abordam a vindima, a apanha da castanha, a apanha do marmelo, a apanha da azeitona, a apanha dos frutos da época. Partilha das profissões mais antigas e o modo de vida, associando a cada atividade músicas tradicionais e cantares.
A terceira oficina pretende criar uma peça de teatro sobre “Os serões de antigamente”.
Os alunos e os utentes vão ter de preparar em conjunto o cenário para recriar os serões, com mochos antigos, lenha, o pote, colher de pau, faca para torrada, assador de castanhas, mantas farrapeiras etc. As personagens podem incluir as utentes da Betânia a fazer na meia, na renda, a fazer a cevada no pote e as torradas à lareira e assador de castanhas. Um utente pode encarnar a personagem de um lavrador e contar a história, e uma criança deve preparar o saquinho da escola para o dia seguinte.
Por fim, a iniciativa pretende encerrar com uma última oficina que visa “Criar um Livro de “Testemunhos”, em conjunto com os alunos.
Todas estas atividades vão acontecer ao longo do ano, organizadas em Conselho de Turma, uma vez que envolvem professores de diversas disciplinas.
No dia 26 de outubro já aconteceu uma espécie de “ensaio”, alguns alunos visitaram pela primeira vez a Fundação Betânia e deu para perceber que “a interação foi muito fácil, espontânea”, refere Paula Pimentel, deixando antever que a iniciativa terá enorme acolhimento por parte de alunos e utentes.
No dia 3 de novembro arranca “oficialmente o projeto”, com uma turma de 6º ano a passar a manhã na Fundação Betânia, numa primeira dinâmica de interação e aprendizagem.