Professor da UMinho coordena festival sobre literatura negra e policial ibérica

Xaquín Nuñez Sabarís.
O professor Xaquín Núñez Sabarís, da Universidade do Minho, coordena a primeira edição da SELIC Criminal, inserida no Festival SELIC - Semana do Livro de Santiago de Compostela, na Galiza. O evento conta a 17 e 18 de junho com os escritores Francisco José Viegas, Francisco Moita Flores, Lorenzo Silva, Arantza Portabales, Diego Ameixeiras ou o guionista Pepe Coira, entre outros. Pretende-se que esta secção da SELIC dedicada exclusivamente a livros e a conteúdos audiovisuais do género policial e negro se consolide no futuro para ser uma referência na cultura ibérica neste segmento.

O professor Xaquín Núñez Sabarís, da Universidade do Minho, coordena a primeira edição da SELIC Criminal, inserida no Festival SELIC - Semana do Livro de Santiago de Compostela, na Galiza. O evento conta a 17 e 18 de junho com os escritores Francisco José Viegas, Francisco Moita Flores, Lorenzo Silva, Arantza Portabales, Diego Ameixeiras ou o guionista Pepe Coira, entre outros. Pretende-se que esta secção da SELIC dedicada exclusivamente a livros e a conteúdos audiovisuais do género policial e negro se consolide no futuro para ser uma referência na cultura ibérica neste segmento.

“A Galiza é fértil pelos romances policiais de Domingo Villar, Pedro Feijoo, Arantza Portabales ou Diego Ameixeiras, que têm tido grande projeção no exterior, sendo traduzidos em diversas línguas. Também no audiovisual, onde séries sobre narcoficção como Fariña e Vivir sen Permiso, ou sobre o policial mais convencional, como O Sabor das Margaridas ou Rapa, atingiram uma grande audiência global”, enumera Xaquín Núñez.

“Portugal também se afirma com as obras da escritora madeirense Ana Teresa Pereira ou os policiais de João Tordo, Francisco José Viegas (e o seu inspetor Jaime Ramos) ou Moita Flores, o qual é também roteirista e ex-inspetor da PJ; já no audiovisual, temos por exemplo a série da Netflix Rabo de Peixe passada nos Açores ou a coprodução luso-galaica Auga seca”, acrescenta.

O docente considera assim que se impõe um evento regular e consistente na Península Ibérica para promover e debater este género literário e propiciar o diálogo com os leitores, juntando outras expressões artísticas neste tema, como cinema, teatro ou banda desenhada. Esta iniciativa pioneira pode também permitir a aproximação entre autores da literatura galega, lusófona e hispana. “A centralidade da leitura na SELIC faz com que seja um espaço idóneo para a sua promoção e projeção”, realça Xaquín Núñez.

Há festivais reconhecidos no género, como as semanas negras das cidades de Barcelona, Gijon ou Getafe, mas na Galiza, apesar da grande produção criativa neste segmento, só havia encontros esporádicos ou segmentados. Com esta iniciativa pretende-se criar um evento com identidade, quer pela sua centralidade galega, quer pelo diálogo atlântico com Portugal, a lusofonia e a hispano-américa, sublinha o investigador do Centro de Estudos Humanísticos e professor da Escola de Letras, Artes e Ciências Humanas da UMinho.

PASSEIOS LITERÁRIOS

A SELIC Criminal vai decorrer na Praza da Quintana, em Santiago de Compostela, e prevê tertúlias com os escritores galegos Diego Ameixeiras, Arantza Portabales, Pedro Feijoo ou Patricia A. Janeiro, autores de referência da literatura policial espanhola como Lorenzo Silva ou Susana Martín Gijón, além do argumentista e produtor Pepe Coira, ligado às séries televisivas Rapa, Hierro e Auga Seca. Prevê-se igualmente três passeios literários pela cidade, visitando os locais da novela Campus Morte de Lito Vila Baleato, a Compostela gótica de Trece badalas de Suso de Toro e os espaços da dupla de detetives Abad e Barroso criada por Arantza Portabales.

A literatura policial em Portugal teve a sua génese nos autores Mário Domingues, Francisco Leite Barros, António Andrade Albuquerque, Reinaldo Ferreira e Roussado Pinto, alguns sob pseudónimo. Embora sem se afirmar como escola, o policial português encontrou o seu espaço, segundo o ensaísta Luís Pessoa, aparecendo mais tarde as obras Balada da Praia dos Cães de José Cardoso Pires, Aquário e Sagitário de Agustina Bessa Luís e Adeus Princesa de Clara Pinto Correia, entre outras, a par de autores como Maria do Céu Carvalho, Manuel Grilo, Miguel Miranda ou Henrique Nicolau. A adaptação das obras para filmes e séries veio reforçar esta área narrativa, que tem tido um público fiel e em crescendo. Por exemplo, a série Rabo de Peixe é realizada pelo ex-aluno da UMinho Augusto Fraga e, 19 dias após o sucesso do seu lançamento, a Netflix anunciou hoje que haverá uma segunda temporada.