Ciclo de Música sem Tempo apresenta concerto e oficina em torno da música tradicional da Anatólia
No próximo domingo, dia 30 de junho, pelas 18h30, o quarteto Telli Turnalar apresenta-se em Forjães, num concerto dedicado à música tradicional da Anatólia (Turquia). Esta proposta insere-se no âmbito do Ciclo de Música sem Tempo e terá lugar no idílico cenário do lago da Quinta de Curvos, a partir das 18h30, com entrada livre. O concerto realiza-se no dia do 35.º aniversário de elevação de Forjães a vila, integrando igualmente o respetivo programa comemorativo.
Telli Turnalar nasce em torno do amor partilhado pelo saz, pela música popular da Anatólia, pelos aşık, poetas-trovadores que expressam os sentimentos e revoltas do povo, pelos Alévis, para quem o saz é um instrumento sagrado, ou pelos uzun hava, lamentos com ritmo livre ou melodias dançantes. O ensemble, composto por quatro músicos, oferece uma expressão feminina destas canções da Anatólia na sua diversidade cultural e linguística (o seu repertório baseia-se na herança turca, curda, zaza, arménia, laze, etc.), refletindo a riqueza da viagem de cada uma. As intérpretes cantam, no estilo do aşık, canções que são expressas em alto e bom som, sem medo. As cordas dos instrumentos e a voz vibram com a intensidade destes poemas. Cada voz, com o seu timbre particular, é por sua vez um solista ou peça de uma arquitetura feita de polifonia e arranjos subtis que incluem o saz (alaúdes da Anatólia), a percussão e a sanfona, um instrumento europeu cujo som aqui parece vir das montanhas da Anatólia ou das planícies da Mesopotâmia.
O conjunto procura assim fazer ouvir as vozes muitas vezes inaudíveis das mulheres, cujo sofrimento se reflete em várias destas canções. Telli Turnalar canta ainda as liturgias orientais das diferentes religiões presentes na Anatólia, nomeadamente através dos textos de grandes poetas místicos ancestrais como Yunus Emre (século XIII), Pir Sultan Abdal (século XV), Dedemoglu (finais do século XVII-XVIII), Davut Sulari e Kul Ahmet (século XX).
É um sincretismo interessante que acontece entre estas quatro músicas. Duas europeias, que viveram na Turquia e duas de origem anatólia que cresceram em França encontram-se assim numa busca comum, feita de abertura, espontaneidade e generosidade.
Paralelamente ao concerto, será promovida uma oficina musical no mesmo dia, entre as 10h00 e as 12h00, na sede da União de Freguesias de Esposende, Marinhas e Gandra (Esposende), focada na mesma temática, dirigida a estudantes de música, músicos profissionais e amadores.
A participação é gratuita, requerendo inscrição prévia (link na agenda on-line do Município ou através dos contactos projectocardo@gmail.com e 912332530.
Criado em 2021, o Ciclo de Música Sem Tempo é um ciclo de concertos itinerante criado pelo coletivo “Projecto Cardo”, que tem como objetivo estabelecer pontes entre músicos e público no qual, além dos concertos, são promovidas oficinas, conversas ou pequenas palestras informais. Desde a primeira edição que se procura valorizar o cruzamento de linguagens, a ligação humana e o recurso à música de identidade como forma de criar um público mais atento, sensível e assíduo. Esposende, Miranda do Douro e Santo Tirso, através dos respetivos Municípios, e com cofinanciamento da Direção-Geral das Artes, recebem, ao longo de 2023 e 2024, artistas da Turquia, Suécia, Eslovénia, Irlanda, Brasil, França, Espanha, Grécia, Bulgária e Portugal.
Mais informações poderão ser consultadas na agenda online do Município de Esposende.
Esta ação contribui para o cumprimento das metas dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU.